Eu não tenho idéia do que deve ser a biblioteca do Arrais. Sei que tem Mário Vargas Llosa, Roberto Bolaño, Mia Couto, Isabel Allende. São apenas alguns dos autores que ele indicava, lia, relia e reindicava. Na nossa última conversa, insistiu para que eu lesse Alan Pauls, recente descoberta dele. E eu indiquei o João Almino, sobre o qual ele já havia ouvido falar, especialmente de sua trilogia de Brasília, mas ainda não tinha começado a ler. E me disse que a minha birra com o Saramago tinha uma explicação simples: não era lendo o Evangelho Segundo Jesus Cristo de cara que eu iria entender, aceitar e gostar do autor que agora deve estar bebendo vinho com ele, nessa nova dimensão para onde partiu o meu amigo ranzinza. Arrais se foi aos 64 anos, na noite deste 14 de setembro, quando assistia televisão com sua esposa em casa e teve um ataque fulminante. Nessa mesma noite, quando eu terminava o expediente e ele também, nos esbarramos no corredor da EBC, e eu, apressado, só pude cumprimenta...