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No busão

Passei incólume ao dia mundial sem carro, colaborando pra tudo continuar uma merda tanto no trânsito quanto nos estacionamentos. Mas agora fiquei sem carro por dois dias, já que o levei pra revisão, e não pude escapar do ônibus para buscar o carro (jamais pagaria tipo 50 lascas só pra ir da Asa Norte ao SIA de táxi). Então levantei cedo e fui. No bolso, documentos, cigarros, chave. Comigo, apenas o livro "Clube do Filme", do David Gilmour (tô perto da metade e recomendo com força).

Quem depende de transporte público em Brasília sabe o quanto é um cu desagradável. Então levar um livro foi meio que um mecanismo de defesa pra tentar dar um pouco de sentido poético a uma situação mala. Há um ano e meio eu não entrava num coletivo. E foi tipo ok. L2 Norte, Rodoviária (#fail), outro busão, SIA. Nada de carro pronto, transporte de clientes com George Michael na tevêzinha da van da Bali.

Frustração. Na ida ao trabalho, à tarde, pegar mais um busão. E não é que foi massa? Passar pelo trecho do fim da L2 Norte e ver o Lago, estar no trabalho em pouco mais de 20 minutos e, melhor de tudo, não ter que dispender nenhuma dose de paciência e bom humor na busca por uma vaga não tem preço. Claro que como pessoa que lida com questões ambientais no dia a dia do trabalho, já havia pensado zilhões de vezes nisso - começar a deixar o carro em casa e ir pro trampo de busu. E a preguiça de agir?

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