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Março com Coca e alecrim

[leia ouvindo: Águas de março, com Tom e Elis]

Termina fevereiro, começa o mês das águas que fecham o verão e em que você, finalmente, cai na real de que as ilusões que você mesmo criou sob o nome de "resoluções de ano novo" não vão sair da sua vontade. Até porque, talvez, nem sejam mais a sua vontade. Parte das minhas metas já estão sepultadas. Este ano, porém, coloquei-as todas debaixo de um guarda-chuva: "em 2010, vou aprender a ser mais organizado". Todos os objetivos deste ano fariam parte de um "plano de organização da vida". Em parte, estou sendo bem-sucedido. O tema "qualidade de vida", por exemplo, que não sai da minha cabeça, vai bem, obrigado.

Qualidade de vida, pra mim, pressupõe mais tempo em casa, com a família, mais leitura, alimentação melhor e diminuição dos cigarros. Para ficar mais tempo em casa, deveria organizar melhor o meu tempo, já que minha jornada de trabalho é de 63 horas semanais, enquanto a maioria das pessoas trabalha cerca de 50. São um turno de seis, outro de sete horas. Ok, em um entro às 7h, saio 13h. No outro, entrava às 13h30, saía às 20h30. Para melhorar, passei a entrar às 15h no segundo tempo. Assim, tenho tempo, ainda que mínimo, para a convivência familiar, almoço em casa e até um cochilo.

Mais leitura: trocando o carro pelo ônibus para ir ao trabalho, de manhã, ganhei pelo menos 40 minutos a mais em tempo para ler (20 ida, 20 volta). Terminei ontem "A segunda vez que te conheci", do Marcelo Rubens Paiva, apenas com leitura no fim de semana, fim de noite e no deslocamento casa-trabalho. Gastei só três dias, depois escrevo sobre ele - mas já adianto que só veio a engrossar a lista de livros putos. E, neste momento, estou na página 23 de "O Clube dos Anjos", do LF Veríssimo.

Quanto ao item alimentação melhor, começo a explicar o título. Antes, porém, devo ressaltar que o meu novo hobby, que descobri em 2009 e até contei para vocês aqui, foi que aprendi a cozinhar. E um dos pequenos prazeres de ficar em casa que eu descobri esse ano foi o de fazer uma horta em casa. Como meu apartamento tem apenas 63 metros quadrados, ela resume-se a quatro vasos: um com manjericão, outro com alecrim, o terceiro, com hortelã, e o último é com tomilho limão. Tinha orégano também, mas morreu.

Não tem nada melhor do que temperar a comida com algo que está sempre a mão, na janela do quarto - local escolhido por ser onde há luz natural de manhã. Mas eu acho que a resolução mais importante foi conseguir comprar o vasilhame de Coca-Cola retornável. Estamos falando de qualidade de vida, certo? E se pra você não está clara a relação entre o refrigerante e o assunto, explico: é o meu melhor vício. Não adianta, não consigo imaginar uma vida feliz sem a bendita. Ainda que tenha uma fórmula escusa, ainda que saibamos que refrigerante faz mal e blábláblá.

Pelo menos agora não vou mais produzir uma tonelada de garrafas pet para o lixo por ano. De quebra, vou pagar muito mais barato. Na conveniência do posto de gasolina próximo de casa, por exemplo, uma Coca 2l, embalagem descartável, custa R$3,70. Na retornável, R$2,70. Eu quero até aproveitar esse tema pra fazer uma defesa: nego mete o pau na Coca-Cola por zilhões de motivos. Mas é a única que fornece essa opção. Não é ecochatice, até porque fora a minha horta de quatro vasos, minha garrafa retornável, as ecobags que eu comprei e a separação entre lixo reciclável e orgânico em minha casa, não faço mais nada.

Ok, tenho tentado ponderar a Coca, e a partir de hoje, não tomo mais de manhã. No almoço, inevitável. Lanche da tarde... mmm... Jantar? Ah, vou diminuir, porra. Mas aos poucos. Por hora, não vai rolar o sagrado líquido negro de manhã. Quanto ao item "diminuir o cigarro"... Bom. Digamos que fumo menos que ontem, mas mais do que amanhã, e isso basta. Bjomeliga.

Comentários

  1. se tu parar de fumar e de beber coca, não será mais o Morrilón.
    Mas que ia te fazer um bem danado, ia...

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